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  • Writer's pictureIsabel Arruda

Quero que me enxerguem


Quero que meu filhos me enxerguem.

Como a mãe que sou.

Como a mulher que sou.


Como alguém que não se anulou após o casamento, a maternidade e as adversidades da vida cotidiana.

Que não abafa suas vontades e desejos, andando no banco do carona ao invés de se responsabilizar pelo espaço de protagonismo da vida.

Que não desiste de sonhar, mesmo quando parece difícil demais, longe demais, complexo demais.

E que além de sonhar, vive o sonho.


Quero que meus filhos me enxerguem.

Como alguém que vai.

Que faz.

Que realiza.

E não quero esconder as feridas e os medos. Contar histórias editadas.

Vestir a capa da mulher Maravilha.

Não, pelo contrário.

Quero que saibam que tenho medo, muito medo.

De tentar, de errar, de fracassar.

E que vou lá e faço mesmo assim.


Quero que meus filhos me enxerguem.

Como alguém que se encanta com uma aventura.

Que gosta de sentir o pé no chão e o sol na pele.

Que mergulha de cabeça na piscina, no mar ou naquilo que acredita.

Que quer ver o mundo e aprender com ele.


Quero que meus filhos me enxerguem.

Como alguém que vive com significado.

Com simplicidade.

Com empatia.

Com brilho.


Quero que meus filhos me enxerguem.

Como alguém que não abaixa a cabeça.

Que muda. Que cresce.

Que evolui.


Quero que meus filhos me enxerguem.

Como exemplo.

Mas não através da fala e de apontar caminhos e sim do exemplo de observar, do fazer.

Como alguém que fez as malas, vendeu a casa toda e atravessou o oceano.


Quero que meus filhos me enxerguem.

Como alguem que não se anula.


Se anular seria fácil.

Deixar a conformidade tomar conta, o dificil se sobrepor. A preguiça se instalar.

Usar filhos como desculpas. “Não faço isso ou aquilo pois não tenho tempo, energia, sabe como é... filhos”.


Se anular seria fácil.

Me entregar ao complicado, ao dificil ao trabalhoso e passar os dias - meses - anos perambulando entre programas fáceis e confortáveis.

Esperar o tempo passar e os filhos crescerem.


Se anular seria fácil.

Mas não é pra mim.

E isso, ninguém me tira.

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