Sofro de complexo de Mulher Maravilha. Sempre acho que posso mais e que consigo dar conta de tudo. Pode mandar que eu aguento! Trabalhar insanamente, fazer pós graduação, cursos e treinamentos de gestão disso, gerenciamento daquilo, planejar mudança de país, correr uma meia maratona, cuidar da filha, marido, casa, sair com os amigos, visitar a família, cuidar de mim – opa! – esse quesito sempre fica esquecido, não?! E sempre com sorriso no rosto. Reclamar, jamais.
Sempre quis abraçar o mundo! Quis ser mil quando era apenas uma. Queria estar em vários lugares ao mesmo tempo. Queria ser produtora, repórter esportiva, documentarista, fazer dublagem, escrever um livro. Queria correr, fazer escalada, yoga, stand up padle e andar de skate. Queria sair com a galera, com um carinha, com as amigas e simplesmente fazer nada.
Sempre tive muita dificuldade em dizer não. Essa pequena palavra não fazia parte do meu vocabulário. Não queria perder nada nesse vasto mundão, não queria ficar de fora, deixar o tempo passar. Tenho ainda tanta coisa para conquistar e o tempo passa tão rápido que dizer não, não fazia o menor sentido.
Porém, neste meu momento de vida, estou enxergando tudo com mais clareza e serenidade. Quero ser apenas uma simples plebeia, não preciso ser aquela heroína de tempos atrás, pois minha filha já me vê desta maneira. Vou deixar meus super poderes para serem usados apenas pontualmente. Vou guardar minha capa no fundo da gaveta e visto somente quando achar necessário.
Quero uma vida mais simples, sem tantos compromissos, sem muito horário no relógio. Quero tirar o pé do acelerador e saborear pequenos prazeres. Quero morar em uma casinha de filme, com crianças andando de bicicleta e balanço no jardim. Quero sentir o cheiro do café fresco e o som do silêncio. Quero concentrar no que realmente importa e não perder tempo e energia tentando sobreviver ao caos. Parece utópico, eu sei. Talvez ate seja, mas porque não dar uma chance?!
Até a mulher maravilha precisa de um descanso de vez em quando.