Isabel Arruda
Eu ainda não sabia

Eu ainda não sabia.
Não sabia que passagem só com data de ida pesava tanto.
Que o emocional seria mais afetado do que o financeiro.
Que a expectativa era a grande inimiga.
Ainda não sabia que o casamento ficaria abalado e que as dúvidas iam tomar conta.
Que eu não me reconheceria naquelas camadas de roupas.
Que que o cinza chegava para ficar.
Ainda não sabia o que era mutismo seletivo.
Não sabia que ia ficar tão frustrada por reprovar 2 vezes no teste de direção.
E que a frustração não tinha nada a ver com a reprovação do teste em si.
Ainda não sabia.
Que ia usar avental em café.
Que ia me sentir rejeitada.
Que ia perder o sono.
Que bom que não sabia, porque se soubesse, talvez não teria ido.
Se soubesse, teria tentado resistir. Alterar. Controlar.
Ah, o controle, esse danado, tentando roubar a espontaneidade da vida.
Se soubesse, talvez o medo tivesse tomado conta.
E a anestesia continuaria.
E teria seguido o rumo normal.
Normal por definição - “De acordo com a norma, com a regra; comum”.
Não sei comum pra quem, porque para mim não era.
O mergulho no desconhecido tem dessas coisas.
A gente vai e depois descobre.
A gente não sabe e depois lida com as consequências.
E se a gente resiste, tem conflito.
Se a gente aceita, tem perdão.
Eu ainda não sabia que ia me perder no labirinto da vida migratória.
E que ia agradecer depois por isso.
Porque é se perdendo, que a gente se encontra.
Que bom que eu ainda não sabia. 💓 *Foto de 2016, poucos dias da mudança.Eu ainda não sabia.
Não sabia que passagem só com data de ida pesava tanto.
Que o emocional seria mais afetado do que o financeiro.
Que a expectativa era a grande inimiga.
Ainda não sabia que o casamento ficaria abalado e que as dúvidas iam tomar conta.
Que eu não me reconheceria naquelas camadas de roupas.
Que que o cinza chegava para ficar.
Ainda não sabia o que era mutismo seletivo.
Não sabia que ia ficar tão frustrada por reprovar 2 vezes no teste de direção.
E que a frustração não tinha nada a ver com a reprovação do teste em si.
Ainda não sabia.
Que ia usar avental em café.
Que ia me sentir rejeitada.
Que ia perder o sono.
Que bom que não sabia, porque se soubesse, talvez não teria ido.
Se soubesse, teria tentado resistir. Alterar. Controlar.
Ah, o controle, esse danado, tentando roubar a espontaneidade da vida.
Se soubesse, talvez o medo tivesse tomado conta.
E a anestesia continuaria.
E teria seguido o rumo normal.
Normal por definição - “De acordo com a norma, com a regra; comum”.
Não sei comum pra quem, porque para mim não era.
O mergulho no desconhecido tem dessas coisas.
A gente vai e depois descobre.
A gente não sabe e depois lida com as consequências.
E se a gente resiste, tem conflito.
Se a gente aceita, tem perdão.
Eu ainda não sabia que ia me perder no labirinto da vida migratória.
E que ia agradecer depois por isso.
Porque é se perdendo, que a gente se encontra.
Que bom que eu ainda não sabia. 💓 *Foto de 2016, poucos dias da mudança.