Isabel Arruda
O que é ser adulto?

Era sexta-feira, estávamos comendo nossa tradicional pizza de jantar, com convidados ilustres. A tropa era composta por 3 meliantes entre 7 e 8 anos de idade.
Começo o jogo de perguntas e respostas que sempre faço com Catarina, na hora do jantar:
“Qual foi a melhor parte do seu dia? Qual o momento mais triste? Me diz 1 coisa que você é grato por hoje?” E por ai vai.
Nos empolgamos e depois de várias rodadas, perguntei:
“O que é ser adulto?”
De bate e pronto me responderam:
“Ter filhos, cuidar de filhos, adotar filhos. Beber cerveja, beber vinho”
Então, veio a melhor: “É se sentir confiante.”
Achei linda a visão que aquela criança tem de nós - adultos.
Com a sua sabedoria e curiosidade, me disse que nós - adultos - somos confiantes.
Somos seres que sabem o que fazem e se sentem fortes e seguros para tal.
A pizza acabou e o jogo também e logo eles foram brincar de outra coisa.
E ali fiquei, pensativa.
Ser adulto é ser confiante.
Será mesmo?
Queria dizer pra ela que sim, somos confiantes, mas isso não é - necessariamente - verdade.
Somos - muitos de nós - inseguros.
Somos inseguros, porque deixamos o medo - esse parceiro que habita em nós - tomar conta.
Paralisamos. Sabotamos. Bloqueamos.
Somos inseguros porque achamos que o outro é melhor do que nós. É mais inteligente. Mais bonito. Mais sábio.
Vivemos em um estado de competição e comparação constante.
Nos apequenamos cada vez que julgamos não ser capaz.
Acreditamos que devemos ser perfeitos.
E alimentamos mais ainda a nossa insegurança.
Somos inseguros porque carregamos culpas infinitas ao maternar.
Carregamos o não dito.
Aumentamos o volume ao clamar “Eu não consigo.”
Diminuímos a voz que diz “Eu posso”.
E aguardamos, anestesiados, a autorização externa.
Mas ela nunca vem.
Somos inseguros porque tentamos nos encaixar a uma normatização do que é ser humano.
Ser diferente - ou autêntico - é taxação certa de adjetivos que não queremos nos associar.
Desconectamos tanto de quem somos, que vagamos na neblina da insegurança, no labirinto que se tornou a vida.
E acostumamos a viver assim.
Aprendemos a ser inseguros.
Que possamos desaprender.
E então, reaprender a ser confiante.
Assim como as crianças🌷