Isabel Arruda
Stay Wild

Stay wild girl, dizia na blusa dela.
E quando vestiu ela me disse - “mamae eu vou seguir o que todas as minhas camisetas me dizem, como aquela também do Free Spirit”. Stay wild my girl.
Enquanto digo isso, penso se já começamos a te podar.
Digo que pode voar, mas será que já nao cortamos pedaços das suas asas?! Em casa, na escola, ou em mensagens implícitas vindo de todos os cantos.
A gente diz pros nossos filhos que eles podem ser quem quiserem ser e depois vamos dando sinais de que não é bem assim, podando daqui, encaixando dali, comparando com o filho da amiga ou o amiguinho de turma.
Hipocrisia.
Como dar voz a essas crianças quando dizemos que devem parar de chorar e que aquilo não é nada. O desconforto daquele choro ou daquela voz embargada é nosso e não deles. Queremos romper e impedir aquela expressão de emoção por um incômodo nosso, apenas nosso.
Dizemos: “a sociedade impõe que seja assim.” Sociedade essa da qual fazemos parte ativamente, somos um só, não existe separação. Nao existe a sociedade sem mim ou sem você. Colocar a culpa na sociedade é se ausentar da responsabilidade.
Fazemos tatuagens nos nossos filhos, tatuagens de identificação quando os definimos ou rotulamos.
Tatuagens que carregarão pra vida adulta.
Stay wild my girl.
Digo isso pra ela e tambem pra minha criança.
Abrindo espaço entre as tantas tatuagens que tenho.
Stay wild!